Epá mexer nisto é chato, vamos antes aumentar os impostos!
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Portugal, untitled
Quando num país se assiste à formação de filas terceiro-mundistas para adquirir dispositivos que sustentam uma norma ridícula, como no caso do pagamento das SCUTS, quando ouvimos – quem se dá ao incómodo de – um debate parlamentar como o que tivemos hoje de manhã, vemos que tudo está bem. Ou não estando bem, apesar de ficarmos com essa ideia ouvindo, mas sentimos que não é bem assim, pouca vontade há em exercer qualquer sentido prático e efectivo de mudança.
As pessoas gostam de coisas parvas e, pior ainda, apoiam-nas incansavelmente. No caso dos identificadores para pagamento das SCUTS – inventem outro nome, se faz favor, porque estas vias agora são pagas – as pessoas vão para as filas de madrugada, culpa da falência de um serviço que não consegue responder à nova e exponencial procura dos identificadores, obrigatórios para circular nas ditas vias e imprescindíveis ao cumprimento de uma norma que entra no dia a seguir. Em vez de protestar, reivindicar, pintar, fazer e acontecer, melhor, fazer valer o sentido de justiça que deveria basear a organização social em que vivemos, não, as pessoas acatam, alteram as suas vidas, prejudicam os seus trabalhos porque... a injustiça é assim, não podemos fazer nada, temos que acatar... Eu, se mandasse – felizes vós que eu não mando nada – faria o mesmo e seria igualmente implacável! Claro que não o faria, porque tenho sentido de justiça e nem esta medida equacionava como válida, mas pelo que as pessoas me mostraram... ficaria tentado a tomar a mesma cega medida de avançar com ou sem identificadores disponíveis. Quem não tem sentido de justiça, torna-se implacavelmente feroz e o problema tem que ser resolvido pelos futuros utentes, inocentes na ignorância de como fabricar e distribuir identificadores: se não tiverem um, terão multa!
Por outro lado, no debate parlamentar de hoje assistimos a uma salutar e corriqueira troca de acusações. O vosso partido é assim, o seu é assado, vocês quando lá estiveram fizeram isto e não aquilo, você é mentiroso, você não diz a verdade, os factos não são bem assim, a culpa é da crise, nós lutamos, vocês só criticam, os outros países, tiramos daqui e não colocamos ali, bla bla bla... Discute-se o mesmo, argumenta-se o costume enquanto a rádio grita e a televisão mostra a triste figura dos senhores engravatados que, acabada a argumentação exaltada, se cruzam entre abraços e palmadinhas nas costas, pelos corredores de um palácio que nos devia defender e representar.
"Sr. Motorista, leve-me a casa que estou estafado, preciso de descansar."
Se uns não nos representam, os outros não são representados, se os primeiros estão como sempre, os segundos se esforçam demais por estar (como sempre)... Está tudo bem? Como os analistas que não vêem as injustiças e desigualdades que ainda persistem e outras que são criadas no momento em que se anunciam as medidas e se apregoam as reformas e afirmam com forçada convicção que estas são as acções que têm que ser tomadas, que já deveriam ter sido tomadas, as pessoas, os eleitores, nós, não damos sinais de descontentamento, levantamento, inconformismo, não queremos nem tentamos perceber um pouco mais além, um pouco mais daquilo que nos injectam a toda a hora, o outro lado, mais...
"Ah, afinal sempre reduziram 10% a quem ganha mais... finalmente!"
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Google Earth bomba
Visão 3D em grande(íssima) parte das ruas da nossa Lisboa? Muito bem! Muito bom!
Não tem tanta definição, quando se amplia muito, mas prefiro à invasão de privacidade do Street View do Google Maps. Tanto mais que assim, temos uma noção muito mais real de como são os locais (não os habitantes, mas os sítios)...
Nota positiva!
terça-feira, 17 de agosto de 2010
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Desinvestimento, alienação, património, crise... fogos florestais
Palavras na ordem do dia. Deste, do anterior, do mês que passou e andaríamos tanto para trás que iríamos ter que equacionar se algum dia vivemos sem estarmos em crise. Eu, nascido quase na década de 80, desde que me lembro de não brincar com os Playmobil que oiço falar da crise.
Crise nas vendas, crises nas matérias-primas, crise do petróleo, crise no emprego, crise na ordem social, todas interligadas, tudo crise, tudo assuntos completamente irresolúveis, com o passar dos anos, líderes políticos, modas, atitudes. Aliás, fundamentalmente a atitude, de um povo, de um mundo, vem sendo agitada furiosamente pelos meios e pelos opinion makers com uma causa de fundo que origina a crise orgânica do mundo, propiciada pela globalização, esse monstro criado e alimentado pela ganância dos povos e avareza dos donos do dinheiro.
Dinheiro que não há. Não há para os hospitais, não há para estradas, não há para escolas, não há para autarquias, não há para nada que seja obra social ou bem público. Encontram-se sempre uns milhões nos fundos dos cofres quando se fala em parcerias público-privadas que, quase sempre e invariavelmente, dão prejuízo no lado do parceiro público.
Durante todo o ano somos bombardeados com notícias. E as pessoas, com as poucas horas de sol e muita pressão às costas, andam ainda mais deprimidas. É a conta da prestação, é o director, é o escasso ordenado, são os alimentos, são os transportes; no fundo, voltamos ao mesmo, é a crise.
E depois vem o Verão, mais sol, praias cheias de gente, umas mais bonitas, outras mais longe da vista, mais horas de dia, menos roupa nos corpos, mais calor, férias, romarias, concertos de artistas de qualidade artística duvidosa – são os imigrantes que gostam pá – por tudo o que é aldeia e festejo, os santinhos, as sardinhas, os corpos bronzeados, as marcas dos biquinis... e os fogos florestais!
Ano, ano, ano, outro ano e neste ano e está tudo na mesma. Ardem as matas, ardem as casas, ardem os bombeiros, ardem os carros dos bombeiros, arde o país, arde tudo. A culpa é dos meios, o exército não ajuda, as pessoas não limpam as matas, os autarcas não fazem cumprir a lei, as pessoas não habitam o interior. Esqueci-me de alguma?
É um rol de desculpas gastas e maltrapilhas que todos já sabemos de cor e vomitamos por antipatia irracional, às mesmas. Se fossemos do tempo do Salazar, ecoariam pelas salas de aula, como antigamente os alunos sabiam a tabuada, votada nas comissões de especialistas no assunto, como matéria altamente pedagógica e que seria inserida pelos governos como obrigatória: chorrilhos de desculpas em que ninguém acredita, mas todos repetem e aceitam.
No fundo vem a crise. Não há dinheiro para aviões, não conseguimos investir em mais meios, não foi possível patrulhar, não podemos ter guardas florestais, é impossível o exército patrulhar as matas em prevenção, porque não há verbas disponíveis.
As pessoas ficam sem nada, o país fica sem nada, o turismo de natureza vai-se como as cinzas com o vento, altera-se a volta a Portugal para escapar do fumo dos incêndios, cidades, capitais de distrito, ficam dias mergulhadas em fumo e cheiro a queimado mais intensos do que o humanamente suportável e para o ano voltamos ao mesmo. Este ano arde aqui, para o ano ali, o ano passado foi em tal parte e vamos andando neste carrossel.
As pessoas vêem as imagens pela TV, gritam calamidade, choram raiva, enaltecem os bombeiros, gritam-se heróis, heróis, mas... Acaba-se o Verão, acaba-se a histeria, vem a chuva, não arde, não aparece, não existe, esquece.
Este ano investimos muitos mais em meios, este ano é que estamos preparados, este ano nada vai arder. Mas vem um ano seco, um ano com mais calor e volta tudo ao mesmo. Arde tudo. Vêm meios internacionais ajudar, mobilizam-se mundos e fundos, fazem-se reportagens no local. Arde tudo.
(independentemente de todas as outras) Esta é a nossa crise. A vergonhosa crise. A que mata pessoas. A que destrói o país. A que esbanja mais meios e riqueza. A que nos destrói. A que inibe projectos. A que move populações. A que empobrece o país natural. A que nos mata. Ano após ano...
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Vezes / Demais
Às vezes penso que sinto demais. Às vezes acho que me esforço demais. Às vezes julgo que corro demais. Às vezes sinto que penso demais. Às vezes parece-me que sou chacota dos demais. Às vezes escrevo (e outras falo) demais. Às vezes cheira a esturro demais. Às vezes, poucas, confio demais. Às vezes o passado aquece-me demais. Às vezes o futuro assusta-me muito, mais, demais. Às vezes a liberdade é demais. Às vezes exijo demais. Às vezes anseio pelo silêncio, demais. Às vezes quero tudo demais. Às vezes mudar, é demais. Às vezes relembro coisas demais. Às vezes quero mudar demais. Às vezes teimo demais. Às vezes sou eu demais.
Às vezes creio que estar sossegado, valia de mais...
Só às vezes, acho que tudo passa demais.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Crise? Qual crise?
Só se for a de valores!
Para combatê-la e porque acho e acredito que todos os pequenos gestos ajudam, deixo-vos este pdf, para recordarem os vossos tempos de criança e as brincadeiras despretensiosas desses tempos. E, quem já o pode e o quiser fazer, transmitir à vossa prole os valores de antigamente!
Ajuda-nos, pelo menos, a acreditar que vivemos num mundo melhor...
terça-feira, 29 de junho de 2010
Scuts: pagas, pagas e pagas mesmo
Às vezes custa-me escrever. Primeiro porque não sou (muito) tolerante, confesso. Segundo, porque não gosto que me tentem convencer que as barbaridades são aceitáveis e melhores para todos. Terceiro, porque não tenho tempo para desperdiçar.
O novo papão gerado pela crise, por este governo, pelos nossos políticos, são as scuts. Nome pomposo e criado para designar estradas. Só. Simples estradas. Não, não são estradas especiais, xpto, não: são meras estradas. E são-no porque não temos outras alternativas, porque hipotecamos a rede de estradas nacionais, atafulhando-as de rotundas, passadeiras, limites de velocidade, semáforos e outros constrangimentos, quando passamos a gestão das mesmas para as Câmaras Municipais, ao invés de serem geridas pelo estado, pelo Instituto de Estradas de Portugal – IEP – ex JAE – Junta Autónoma de Estradas. Com este acto transforma-mo-las em vias municipais, que servem municípios e os seus interesses e não o país e a sua fluidez.
Aqui surge a primeira incongruência desta trapalhada, anterior a tudo isto: o que faz, neste momento, o IEP, esvaziadas que foram as suas competências de gestão na rede decrépita e moribunda de estradas nacionais? Gostava de conseguir justificar-me a persistência da sua existência, fugindo às suspeitas de interesses, de jobs for the boys, se hoje poucas ou nenhumas são as estradas feitas e geridas exclusivamente pelo governo...
Mas voltando às scuts, essas maravilhosas vias, desconfio que esta trapalhada já há muito que vinha sendo congeminada.
A A23 foi construída, em muitos lanços do seu trajecto total, por cima do existente IC6, se não me engano, aniquilando o mesmo e deixando persistir apenas até hoje, alguns troços isolados, convertidos em variantes às já existentes estradas nacionais, na região.
O antigo IP5, sobre a égide da reformulação, por motivos vários que passaram pelo incremento na segurança, pela facilidade de ligação a Espanha, sofreu obras – e que obras – mas foi aniquilado na sua totalidade e passou-se a chamar A25.
Nestes dois exemplos, dada a má fé de governos e políticos, em casos anteriores, acredito que a mudança de nome das vias, independentemente dos melhoramentos indiscutíveis, serviram para facilitar a introdução de portagens: já não são meros IP – itinerários principais – ou IC – itinerários complementares – criados para servir as populações, são AE – auto estradas – bens de luxo, pelos quais temos que pagar para utilizar e às quais existem inúmeras alternativas sem custos.
Aqui gera-se o primeiro nó da trapalhada: essas alternativas não existem de facto. E como não existem, vai de se criar excepções. Primeiro para os residentes. Depois para as operadoras logísticas das regiões afectadas. A seguir dispara-se que taxaríamos apenas os estrangeiros. Imediatamente sugere-se que sejam isentados, para todos, os lanços que realmente não terão alternativas. Tem é que se pagar. Por justiça. Por coerência.
Por justiça e por coerência, enquanto não se resolvesse e se pensasse realmente num modelo lógico, ponderado, racional e funcional, não se inseriam portagens em vias algumas. Por cidadania e respeito, não se justificava a inserção das mesmas com os custos para o estado, porque se assim fosse, acabar-se-ia, por exemplo, com o IEP – quantos milhões se poupavam, não sei, mas era simplesmente por princípio.
O mesmo que impediria que tivessem sido desperdiçados milhões com o BPN que, depois de absorvidas as dívidas, suportadas que foram pela CGD – indirectamente por todos os contribuintes – esteja à venda novamente, isento de dívidas e de todos os problemas.
O mesmo que relembra a ambição de todos os políticos em resolver as assimetrias entre interior / litoral e reequilibrar o país, povoando o interior, fixando populações e dotando-o de mão-de-obra que permitiria a fixação de industria ou serviços, gerando o tão apregoado mas nunca conseguido, desenvolvimento do interior.
Também não podemos justificar esta medida, com as diferenças, no que diz respeito a pagamento de vias de circulação rodoviária, entre áreas geográficas. Especificamente no caso das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, não aceito que me justifiquem que o Porto passe a pagar mais, porque Lisboa paga mais do que o Porto. Então, porque não Lisboa passar a pagar menos, porque o Porto paga menos?
Assinalado a verde o que não se paga e a vermelho o que se paga
Ainda sobre a égide da justiça e discriminação positiva e assumido que já foi pelo governo que a margem sul do Tejo não tem alternativas às Pontes 25 de Abril e Vasco da Gama, não pense em isentar, como pensou para as scuts, os habitantes da margem sul desses mesmos pagamentos.
Falam em milhões que têm que pagar às concessionárias, mas quem lá meteu as concessionárias foram os governos. Quem inventou este modelo de gestão das estradas portuguesas, foram os sucessivos governos. Quem estabeleceu os contractos de exploração das vias pagas, foram os governos. Ainda assim, quando ouvimos e discutimos os pagamentos das scuts, não estamos a discutir o pagamento na totalidade das prestações às concessionárias, por isso, no fim e em cima de tudo isto, o governo ainda vai transferir dinheiro para as mesmas. Será que só até perfazer o volume transferido até aqui ou que a prestação continuará a ser a mesma? Será que não irão as concessionárias cobrar também a monitorização e fiscalização das vias, como sugerido pelo Secretário de Estado dos Transportes, no Prós e Contras?
E depois temos todos os agentes económicos que ficam (ainda mais) "isolados", sentindo ainda mais o peso da interioridade, com a cobrança das portagens e que já disseram que os hipotéticos aumentos de custos (de transporte, de produção ou outros) originados pela cobrança de portagens, terão que ser reflectidos nos preços que cobram aos seus clientes e, no final da cadeia de todos os clientes e consumidores, estamos todos nós. Ou seja, directa ou indirectamente, vamos sempre pagar scuts!
Vejam os vídeos do Prós e Contras de dia 2010-06-28:
– 1ª parte
– 2ª parte
– 3ª parte
(volto a dizer que) Prefiro pagar scuts mesmo que nunca as utilize, a pagar outras coisas que me exigem. Mas deixo uma sugestão: porque não ressuscitar o IEP e poupar uns milhões, libertando-nos das concessionárias e das concessões obscuras e ruinosas?
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Mundial de futebol, futebol, mundial (indexa google, indexa)
Sei que o que está na ordem do dia é o Mundial de Futebol, os craques, as bolas e tudo o que gira à volta disso, mas eu sou contra corrente, não vou escrever sobre futebol (até que por mim acabava-se com o futebol, mas adiante).
Já que me vão ao bolso, enquanto contribuinte, prefiro pagar uma maternidade ou um SAP – Serviço de Atendimento Permanente – abertos em Freixo de Espada a Cinta, independentemente do número de utentes e todas as justificações que nos deram para os encerramentos, do que ter salvo o BPN – Banco Português de Negócios – mas ninguém me perguntou, escolhi "à força".
Lisboa Cidade
Hospital de S. José
Hospital de Sta. Maria
Hospital S. Francisco Xavier
Hospital Curry Cabral
Hospital de Sta. Marta
Hospital Pulido Valente
Hospital Egas Moniz
etc.
Grande Lisboa
Hospital Conde Castro Guimarães – Cascais
Hospital de Sta. Cruz – Carnaxide
Hospital de S. Bernardo – Setúbal
Hospital Fernando Fonseca – Amadora
Hospital Garcia de Horta – Almada
Hospital Nossa Senhora do Rosário – Barreiro
Mas mora assim tanta gente em Lisboa? Na Cidade de Lisboa? Qual o critério utilizado, na distribuição dos cuidados primários de saúde? Distância? Densidade populacional? Acessos rodoviários? Rendimento per capita?
Pampilhosa da Serra só tem SAP 3 dias por semana. Nos restantes os utentes terão que se deslocar – com que meios? – para Arganil, percorrendo uma distância cerca de "apenas" 30 quilómetros.
30 quilómetros, por exemplo do Seixal a Lisboa, percorrem-se em 10 / 15 minutos. 30 quilómetros, de Pampilhosa da Serra a Arganil, percorrem-se em 60 / 90 minutos (sim, 1 hora / 1 hora e meia).
Critérios...
terça-feira, 11 de maio de 2010
Às vezes, sinto vergonha...
... de mim, de nós, do meus país, das nossas atitudes e mentalidade.
A ida ao City Classic Alvalade ver o PARE, ESCUTE, OLHE foi só mais um pretexto para sentir isto. Sentir o que não queria nada sentir e lamentar que este cantinho da Europa, cheio de potencialidades, outro tanto de gente boa, mais um punhado de gente valente, capaz, esforçada, seja gerido, por estes políticos e habitado por este povo, por esta massa. Às vezes penso como seria isto tudo com outros... personagens...
É vergonhosa a impunidade com que se decidem coisas. É calamitoso como se decide recorrendo a critérios duvidosos e suspeitos. É lamentável que passe sempre incólume quem faz, o que se faz e ou como se faz. É ultrajante sentir a pressão cada vez maior sobre o património, sobre as pessoas, sobre o que não interessa ou conta para os interesses, negócios, dizem, progresso.
Sobre a linha do Tua há que dizer que o desfecho previsível - apesar de indesejável - desta história a todos nós se deve. À nossa indiferença, ao nosso desinteresse, à distância que nos é dada a parecer - entre os "grandes" centros urbanos portugueses e a tal linha perdida no meio dos vales do Douro, longa é a viagem, acreditamos. Afinal, está a 4 horas de viagem de Lisboa e a pouco mais de metade disso, do Porto.
Porque não passar por lá para verificar o que todos estamos a perder? Porque não ver o que tanto se fala, para verdadeiramente sentir o vale, a linha, o vale do Douro - classificado pela Unesco como património da humanidade - e o "interior distante"? Porque não, por um fim de semana que seja, abandonar os centros comerciais, os cinemas e as exposições, a cultura urbana e visitar o nosso património cultural, natural, rural? Porquê votar a um triste destino o que não se conhece? Porquê ditar o distanciamento do nosso interior, Trás-os-Montes, Beira Interior, Alentejo, em relação ao país urbano, desorganizado e cinzento? Para quê? Não resultou até agora, porque teimamos em insistir nisto?
Se queremos barragem, sim, mas queremos linha também. Se isso implica quota máxima ou mínima, não sei, não sou especialista, mas sei que muito investimento se tem feito em energia eólica, outro tanto em barragens, mais um pouco em dotar o país com centrais termo-eléctricas mais rentáveis, com maior rendimento, não poderemos passar sem esta barragem? Se não conseguirmos passar sem ela, não a podemos fazer noutro local? O vale do Douro é património da humanidade - por curiosidade: Lista do Património Mundial em Portugal - e não um acidente geográfico qualquer que tem um rio a correr, ao fundo!
Na lista em cima, se tiveram curiosidade em ir ver, reparam que as gravuras rupestres do Vale do Côa, um outro rio na região, um outro vale da região classificada do Alto Douro Vinhateiro, um outro património cultural, também estão classificadas e, perante elas, "perdemos" uma barragem. Porque é a linha do Tua é menos importante?
Um pouco da (muita) história desta linha, pode ser vista aqui.
Já há muito acompanho este blog, mas o PARE, ESCUTE, OLHE só me veio espicaçar ainda mais a insatisfação perante este país que não é o meu país, perante um país que sinto a saque, sem rei nem roque, sem lei, sem rumo, sem coesão que nos faça andar e que nos empurre no sentido... num sentido.
Não vão desperdiçar o vosso tempo a ir ao cinema ver, enquanto ainda está em exibição, o PARE, ESCUTE, OLHE e sintam, formem opinião, vejam o que todos estamos a perder. Indignem-se da mesma forma que faz um transmontano e que, acredito, todos aqueles que já o foram ver e dêem um primeiro, pequeno mas confortável e indolor passo: assinem esta petição, mostrem que não querem este futuro para um património valioso e que é de todos nós.
A linha (também) é tua e uma vez perdida, será para sempre!
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Credibilidade dos políticos, credibilidade de todos nós
"Caso dos submarinos: As suspeitas que chegam da Alemanha afectam a credibilidade dos políticos?", pergunta-nos a antena aberta da RTP N.
É alguma piada? Mas qual credibilidade?
Só neste caso recente dos submarinos, muito bem, o governo afastou o cônsul português alvo de suspeitas. Mas... porquê este "pobre coitado"? Porquê só este? Porque não o sócrates? Porque não a fátima felgueiras, o isaltino, o major, o avelino? Relembro que alguns deles até têm processos a decorrer e continuam em exercício... Ou não?
Fujamos dos políticos que não são gente séria, porque não os administradores da Portugal Telecom (PT)? Porque é que só está dentro um mero sucateiro e não o vara, ex-político, actual administrador do Millennium bcp?
Porque fomos todos nós contribuintes obrigados a participar na nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN), parte do grupo SLN, das poucas partes que dava prejuízos? Porque não ficamos com o grupo todo? E porque é que depois de pagarmos as dívidas, o governo quer vender o banco? E porque é que o dias loureiro e outros, continua à solta, de costa direita, de fato e gravata?
Alguém me consegue explicar o porquê de existirem SEMPRE dois pesos e duas medidas?
Se o governo queria mostrar, no caso dos submarinos, que combate a corrupção, esteve mal! Como podem mostrar isso, insuflados com seriedade imaculadamente súbita, se dentro do próprio governo existem inúmeras suspeitas de corrupção, favorecimentos, gestões danosas? Aliás, o próprio chefe do governo está mais que metido até às orelhas em suspeitas e rumores de alguns deles e mantém-se lá, como diz o sábio povo desunido e ansioso por lá conseguir chegar e poder fazer o mesmo, no poleiro, de pedra e cal!
Ao menos, colocava o lugar à disposição do sr. presidente da república (olha quem) que nada iria fazer, mas essa sim, era uma atitude de quem nada teme e de seriedade!
É dia 1 de Abril, mas temo que infelizmente tudo isto não sejam apenas as mentiras da praxe, até porque, já dura há longos anos... Há muito mais do que os quase 36 anos de podre democracia. Mudou-se o regime, mudaram-se os artistas. Chamaram-se mais uns. O circo mantém-se, mas está a ficar pequeno para tantos.
Os espectadores continuam inertes: nem palmas, nem tomates podres.
E o circo continua...
PS - todos estes nomes e designações em pequenino não foi erro
sexta-feira, 26 de março de 2010
P'a cantarolar...
Owl City - Fireflies
You would not believe your eyes
If ten million fireflies
Lit up the world as I fell asleep
'Cause they'd fill the open air
And leave teardrops everywhere
You'd think me rude
But I would just stand and stare
I'd like to make myself believe
That planet Earth turns slowly
It's hard to say that I'd rather stay
Awake when I'm asleep
'Cause everything is never as it seems
'Cause I'd get a thousand hugs
From ten thousand lightning bugs
As they tried to teach me how to dance
A foxtrot above my head
A sock hop beneath my bed
A disco ball is just hanging by a thread
I'd like to make myself believe
That planet Earth turns slowly
It's hard to say that I'd rather stay
Awake when I'm asleep
'Cause everything is never as it seems
When I fall asleep
Leave my door open just a crack
(Please take me away from here)
'Cause I feel like such an insomniac
(Please take me away from here)
Why do I tire of counting sheep
(Please take me away from here)
When I'm far too tired to fall asleep
To ten million fireflies
I'm weird 'cause I hate goodbyes
I got misty eyes as they said farewell
But I'll know where several are
If my dreams get real bizarre
'Cause I saved a few and I keep them in a jar
I'd like to make myself believe
That planet Earth turns slowly
It's hard to say that I'd rather stay
Awake when I'm asleep
'Cause everything is never as it seems
When I fall asleep
I'd like to make myself believe
That planet Earth turns slowly
It's hard to say that I'd rather stay
Awake when I'm asleep
'Cause everything is never as it seems
When I fall asleep
I'd like to make myself believe
That planet earth turns slowly
It's hard to say that I'd rather stay
Awake when I'm asleep
Because my dreams are bursting at the seams
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Quantos?
Quantos caminhos deve um homem percorrer
Antes que o chamem de Homem?
Quantos mares deve uma pomba branca navegar
Antes que possa repousar na praia?
Quantas vezes mais as balas de canhão voarão
Até que sejam banidas para sempre?
A resposta, meu amigo, está soprando no vento...
A resposta está soprando no vento.
Quantos anos deve uma montanha existir
Até que desapareça no mar?
Quantos anos devem algumas pessoas existir
Até que sejam permitidas de serem livres?
Quantas vezes pode um homem virar a sua cabeça
E fingir que simplesmente não vê?
A resposta, meu amigo, está soprando no vento...
A resposta está soprando no vento.
Quantas vezes deve um homem olhar para cima
Antes que possa ver o céu?
Quantos ouvidos deve um homem possuir
Até que possa ouvir o pranto do seu próximo?
Quantas mortes ainda serão necessárias
Até perceber que já morreram pessoas demais?
A resposta, meu amigo, está soprando no vento...
A resposta está soprando no vento.
Bob Dylan - Blowing in the Wind
(porque hoje apetecia-me era refilar)
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
As long as you...
Venha o frio congelante.
Venha a chuva desesperante.
Venha o sol abrasador.
Venha a dor da indiferença.
Venha o ardor da doença.
Venha o desconforto do abandono.
Venha a pressão do ter que fazer.
Venha a ilusão do poder.
Venha o euromilhões.
Venha a ansiedade de sentir.
Venha o desespero do pedir.
Venha a cegueira de querer.
Venha o fim do mundo.
Venha o que vier!
As long as you love me