terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eu digo(-te)...



... estupidez, Avareza, INJUSTIÇA.

Alguém mais?

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Desinvestimento, alienação, património, crise... fogos florestais

Palavras na ordem do dia. Deste, do anterior, do mês que passou e andaríamos tanto para trás que iríamos ter que equacionar se algum dia vivemos sem estarmos em crise. Eu, nascido quase na década de 80, desde que me lembro de não brincar com os Playmobil que oiço falar da crise.

Crise nas vendas, crises nas matérias-primas, crise do petróleo, crise no emprego, crise na ordem social, todas interligadas, tudo crise, tudo assuntos completamente irresolúveis, com o passar dos anos, líderes políticos, modas, atitudes. Aliás, fundamentalmente a atitude, de um povo, de um mundo, vem sendo agitada furiosamente pelos meios e pelos opinion makers com uma causa de fundo que origina a crise orgânica do mundo, propiciada pela globalização, esse monstro criado e alimentado pela ganância dos povos e avareza dos donos do dinheiro.

Dinheiro que não há. Não há para os hospitais, não há para estradas, não há para escolas, não há para autarquias, não há para nada que seja obra social ou bem público. Encontram-se sempre uns milhões nos fundos dos cofres quando se fala em parcerias público-privadas que, quase sempre e invariavelmente, dão prejuízo no lado do parceiro público.

Durante todo o ano somos bombardeados com notícias. E as pessoas, com as poucas horas de sol e muita pressão às costas, andam ainda mais deprimidas. É a conta da prestação, é o director, é o escasso ordenado, são os alimentos, são os transportes; no fundo, voltamos ao mesmo, é a crise.

E depois vem o Verão, mais sol, praias cheias de gente, umas mais bonitas, outras mais longe da vista, mais horas de dia, menos roupa nos corpos, mais calor, férias, romarias, concertos de artistas de qualidade artística duvidosa – são os imigrantes que gostam pá – por tudo o que é aldeia e festejo, os santinhos, as sardinhas, os corpos bronzeados, as marcas dos biquinis... e os fogos florestais!

Ano, ano, ano, outro ano e neste ano e está tudo na mesma. Ardem as matas, ardem as casas, ardem os bombeiros, ardem os carros dos bombeiros, arde o país, arde tudo. A culpa é dos meios, o exército não ajuda, as pessoas não limpam as matas, os autarcas não fazem cumprir a lei, as pessoas não habitam o interior. Esqueci-me de alguma?

É um rol de desculpas gastas e maltrapilhas que todos já sabemos de cor e vomitamos por antipatia irracional, às mesmas. Se fossemos do tempo do Salazar, ecoariam pelas salas de aula, como antigamente os alunos sabiam a tabuada, votada nas comissões de especialistas no assunto, como matéria altamente pedagógica e que seria inserida pelos governos como obrigatória: chorrilhos de desculpas em que ninguém acredita, mas todos repetem e aceitam.

No fundo vem a crise. Não há dinheiro para aviões, não conseguimos investir em mais meios, não foi possível patrulhar, não podemos ter guardas florestais, é impossível o exército patrulhar as matas em prevenção, porque não há verbas disponíveis.

As pessoas ficam sem nada, o país fica sem nada, o turismo de natureza vai-se como as cinzas com o vento, altera-se a volta a Portugal para escapar do fumo dos incêndios, cidades, capitais de distrito, ficam dias mergulhadas em fumo e cheiro a queimado mais intensos do que o humanamente suportável e para o ano voltamos ao mesmo. Este ano arde aqui, para o ano ali, o ano passado foi em tal parte e vamos andando neste carrossel.

As pessoas vêem as imagens pela TV, gritam calamidade, choram raiva, enaltecem os bombeiros, gritam-se heróis, heróis, mas... Acaba-se o Verão, acaba-se a histeria, vem a chuva, não arde, não aparece, não existe, esquece.

Este ano investimos muitos mais em meios, este ano é que estamos preparados, este ano nada vai arder. Mas vem um ano seco, um ano com mais calor e volta tudo ao mesmo. Arde tudo. Vêm meios internacionais ajudar, mobilizam-se mundos e fundos, fazem-se reportagens no local. Arde tudo.

(independentemente de todas as outras) Esta é a nossa crise. A vergonhosa crise. A que mata pessoas. A que destrói o país. A que esbanja mais meios e riqueza. A que nos destrói. A que inibe projectos. A que move populações. A que empobrece o país natural. A que nos mata. Ano após ano...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Vezes / Demais

Às vezes penso que sinto demais. Às vezes acho que me esforço demais. Às vezes julgo que corro demais. Às vezes sinto que penso demais. Às vezes parece-me que sou chacota dos demais. Às vezes escrevo (e outras falo) demais. Às vezes cheira a esturro demais. Às vezes, poucas, confio demais. Às vezes o passado aquece-me demais. Às vezes o futuro assusta-me muito, mais, demais. Às vezes a liberdade é demais. Às vezes exijo demais. Às vezes anseio pelo silêncio, demais. Às vezes quero tudo demais. Às vezes mudar, é demais. Às vezes relembro coisas demais. Às vezes quero mudar demais. Às vezes teimo demais. Às vezes sou eu demais.

Às vezes creio que estar sossegado, valia de mais...

Só às vezes, acho que tudo passa demais.